Padrão. Essa é uma palavra que hoje, em muitos casos, soa como algo negativo. Mas, por que será que entendemos dessa maneira, se a nossa é vida é guiada por inúmeros padrões? Bem, talvez seja porque chegamos a um momento de saturação, e desejamos romper padrões. E isso está acontecendo especialmente com os conhecidos padrões de beleza e estilo.

Há uma vontade grande de ultrapassarmos eles, o que nos leva à pergunta: qual o padrão de beleza do momento? Pela necessidade de ir além disso, estamos valorizando a diversidade, nos deixando descobrir muitos tipos de belezas e, por consequência, de estilos. E é aí que a temática Beleza sem Filtro se encaixa: se realmente estamos questionando os padrões de beleza – e valorizando a diversidade – queremos o que é mais real, mais vivo e pulsante.

Já faz tempo que a moda vem mexendo nessa questão. Até porque, os tais padrões de beleza e estilo que não queremos mais foram difundidos, justamente, pela própria moda. Claro, com uma grande ajuda da mídia, especializada ou não. Mas, isso foi antes da grande transformação alavancada pela Internet social. Em meados dos anos 2000, pessoas comuns – que até então só assistiam às passarelas de moda, ou só consumiam informação por meio de sites e revistas – passaram a produzir seus próprios conteúdos. Plataformas abertas, como blogs e tumblrs, se tornaram os principais meios utilizados por pessoas em todo o mundo para divulgarem imagens e textos mostrando preferências suas, ou o que viam interessante em outras pessoas.

Baseados nessa grande transformação – totalmente irreversível – setores como a moda passaram a explorar diferentes tipos de beleza. Progressivamente, nos últimos dez anos, assistimos as passarelas nacionais e internacionais mostrarem uma ampla gama de pessoas com elementos estéticos diferentes. É o caso, por exemplo, dos cabelos brancos. Assim que marcas como Prada passaram a mostrar, e valorizar, modelos com cabelos brancos, muitas pessoas começaram a assumir suas madeixas. Isso é o início de um movimento de questionamento sobre o que é ser saudável e um processo de autoaceitação e valorização das diferenças.

Não se trata de não cuidar da forma, não usar maquiagem, ou de não se arrumar de uma maneira geral – e isso é totalmente válido para homens e mulheres. Trata-se de fazer isso no sentido de valorizar as particularidades de cada um, fugindo dos limites estabelecidos como ideais. Até porque um ideal é quase sempre inatingível, e esse é um paradoxo com o qual convivemos diariamente, independente da idade ou classe social. O filtro, então, é uma das maneiras de representar os padrões que devem ser rompidos.

Beleza Sem Filtro não é uma onda passageira, é o que as pessoas desejam hoje e também irão desejar amanhã. É, basicamente, valorizar a si mesma, em essência, utilizando tudo que estiver ao alcance – roupas, adornos, make – para exaltar isso, libertando-se do convencional previsível e do conveniente limitador.

Paula Visoná – Doutoranda em Comunicação Social pela PUC RS, mestre em Design pela Unisinos e graduada em Moda pela UCS. É coordenadora das Especializações em Design Estratégico e Design de Moda, e docente dos cursos de Bacharel em Design e Bacharel em Moda da Unisinos.

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