O que acontece comigo? Me sinto estranha! Confusa! Pareço deprimida! Até raivosa!
Nunca senti nada parecido… Minhas verdades parecem desmoronar, minha personalidade desintegrar, pareço estar me rompendo! Olho para mim e não me reconheço!
Fico me perguntando: Quem sou eu além de mãe, dona de casa, profissional, esposa… não é possível que eu seja só isso! Eu nasci pra isso? E para onde estou indo? Porque me sinto sozinha e sufocada?
Na busca de respostas, fiquei aqui lembrando quando eu era criança! Como eu era alegre, sorridente, leve! Me sentia um passarinho voando livremente! Sem expectativas, nem máscaras! Eu era o que era, simplesmente Eu! Livre de egos e necessidades de poder!
Já minha adolescência! Ufa! Que sufoco! Quantas expectativas sobre mim! O começo do massacre: “tu tem que isso, tu tem que aquilo, isso pode, isso nem pensar, o que os outros vão dizer…” Choque e impacto sobre uma imagem que eu deveria incorporar socialmente para ser aceita, amada, reconhecida, pertencer. O ego se estruturando com máscaras e mais máscaras de poder. Todas tendo como fundamento: alguém me fazer feliz!
Aliás, posso dizer, que até o momento atual, percebo que a minha felicidade sempre esteve vinculada a alguém ou a algo. Se eu fosse uma boa profissional e me matasse trabalhando seria reconhecida e valorizada pelos outros, e isso me deixaria feliz! Se eu cumprisse com os papeis pré-estabelecidos como: casar, ter filhos, ter um corpo bacana, viajar uma vez por ano, ter curso superior… isso me faria muito feliz!
Não que eu realmente quisesse isso tudo, mas enfim, não se trata de escolhas, e sim seguir o fluxo. Sim, isso me faria feliz pois estaria dentro do protocolo. Seria parte da maioria, seria aceita e me sentiria importante, já que todos me reconheceriam! Veja novamente que minha felicidade sempre esteve vinculada aos outros, à sua aprovação.
Bom, então, até agora fiz tudo certinho! “Como manda o figurino”, dizia minha mãe! E ai? Então porque sinto que não deu nada certo? Bati com a cara na porta da realidade! Aliás, fui arremessada! Percebo que meu corpo não é mais o mesmo, minha disposição agora tem limite e minha pré-disposição para agradar todo mundo está chegando ao fim. Sem paciência, sem tolerância, sem saco! Cansei! E pior, começo a me dar conta que já estou batendo no ponteiro do meio, já não tenho mais 20 anos, e faz tempo! Não tenho mais tanto tempo assim para ficar gastando!
Agora percebo minha vida como um livro, escrito pelos outros. E só tem mais metade para ser escrito. Relendo algumas páginas, percebo quanta ilusão eu vivi achando que alguém, algum dia me salvaria e me faria feliz! Que cuidaria de mim, escolhesse por mim, andasse por mim! Hahaha! Que ilusão! Conto de Cinderela! Olho para mim e vejo que continuo sozinha. Eu e os meus velhos sonhos deixados de lado. Aliás, eu tinha muitos planos para mim! Onde foram parar? Onde está aquele príncipe encantado? Os filhos perfeitos? A carreira de sucesso? E a felicidade toda que eu esperava encontrar quando chegasse nessas páginas?
Sabe o que pensei então, quando me deparei com esse mar de frustrações e esta realidade nua e crua? Peguei as rédeas!!! Agora Euzinha quero escrever essas próximas páginas em branco! Só que do meu jeito. Quero poder ser eu! Como eu sou! Com tudo o que tenho de bom e tudo o que tenho de não tão bom assim! Sem me preocupar com a imagem de ego ideal. Que se dane o ego! Quero me amar, me realizar, me permitir escolher e revisitar, porque não, os meus sonhos! Quero escrever as próximas páginas do meu livro! Mesmo com medo, dúvidas, insegurança, preciso arriscar para chegar no final e ter histórias para contar de como valeu a pena viver!
Quero a liberdade da minha criança novamente! Sua alegria e desprendimento, desapego e entrega! Quero ter propósito em tudo o que eu for fazer! Fazer tudo com amor, porque eu escolho fazer e não porque “tenho” que fazer!
Quero libertar meus filhos e meus pais das expectativas que joguei sobre eles e dar-lhes a chance de serem eles mesmos, como eu quero ser!
Quero libertar meu companheiro das minhas inúmeras projeções e sentimentos de posse! Para que ele também se sinta livre para escrever suas páginas. Assim quem sabe, cada um, na sua individualidade, não interrompa o desenvolvimento do outro, e talvez possamos nos reencontrar, diferentes, inteiros! E talvez ele me veja como eu realmente sou, perceba minha criança livre e alegre, e eu possa lhe ver como talvez nunca o tenha visto, como homem e não marido!
Parece assustador falar “Eu” e escolher meu próprio caminho sem culpas!
Tenho a consciência de que não será fácil todos os dias olhar para essas páginas em branco e assumir a responsabilidade sobre minha satisfação, bem estar físico, emocional e espiritual!
Muitas pessoas a minha volta questionarão minha mudança e talvez me abandonarão! O que não pode mais é eu me abandonar e deixar a minha felicidade vulnerável ao outro! Eu nunca mais me abandonarei! Serei o piloto do meu navio, guiado pelos amados Seres de Luz que, com a mente calma, posso senti-los. Nessa viagem, nunca me sentirei sozinha!
Enfim, percebo que existe uma pessoa muito especial que nunca me abandonará, que me ama acima de tudo, que faz de tudo para me ver feliz e que busca a realização dos meus sonhos, e essa pessoa está dentro de mim! E adivinha! Dentro de você! Seja feliz!
Psicóloga Joselisa Toigo
Telefone: (54) 984013538
0 Comments
1 Pingback